quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Opinião: a nova versão de Chiquititas

Por Matheus Faro

As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não reflete a opinião do blog Equipe Chiquititas.

Fazia tempo que queria comentar sobre isso e me faltava coragem, ou melhor tinha preguiça de desenvolver esse assunto, afinal de contas quem me conhece sabe da ligação que tenho com esse projeto e o quanto ele foi importante nas minhas escolhas e decisões da conturbada fase de adolescente para adulta.

Sempre me perguntam o que estou achando da nova versão de Chiquititas, e sempre tenho que respirar fundo pra dar uma resposta justa e não tomar partido de nada, visto que não estamos mais na década de 90 e muitas coisas mudaram, a infância mudou, a TV mudou, o consumo mudou, a forma de ver a vida e de se emocionar mudou, então o que sempre respondo é: “Sim estou gostando, tem muitas coisas legais e muitas coisas que eu mudaria…” mas sempre mudo de assunto, porque a não ser que a pessoa tenha paciência de sentar e ouvir, prefiro não me prolongar, pois há muita coisa a dizer.
A versão nova de Chiquititas segue uma receita de bolo, sabe quando você abre um livro de receitas e vai seguindo passo a passo os ingredientes?! Pois bem, se para um bolo ficar gostoso bastasse seguir uma receita pronta, não existiriam grandes cheffs e qualquer um poderia fazer um bolo delicioso, o que eu e você sabemos que não é verdade, né?!

Porque estou dizendo isso… Chiquititas é muito mais profundo e elaborado do que o que estamos acompanhando na nova versão, falta muita coisa… Falta uma boa direção de elenco, as crianças estão declamando os textos e não os vivenciando, falta acreditar no projeto original,ou seja, não precisamos do Saccomani (com todo respeito que tenho a ele e sua carreira), mas Chiquititas sobrevive por si só, suas músicas são pontuais e marcam cada fase da novela, cada evolução de personagem, não há a menor necessidade de novas canções para “abrasileirar” um produto, que é universal, funciona em qualquer lugar do mundo e caminha com as próprias pernas.

Vamos esquecer um pouco o apego a nossa infância e a versão de 90 e focar de maneira mais técnica sobre o que estamos assistindo. A querida Manu do Monte, sim, ela é uma querida, mas definitivamente não poderia ser a Carolina, a Carolina é muito mais que uma doce mulher cuidando de crianças órfãs. A Carolina é o que norteia, pontua e dá o gás em todas as temporadas, ela é uma fadona (eu disse fAdona) que faz com que tudo ganhe uma proporção muito maior e mais rica do que o que acompanhamos. Para comprovar isso, basta clicar no youtube e assistir a Flavia Monteiro, não preciso dizer mais nada, você consegue perceber uma diferença apenas no olhar, ela vestia a camisa e fazia com tamanha graça e brilhantismo que não há como não entender a função da personagem dela. A Carolina tem muito mais peso e é sem duvida a escolha mais difícil de elenco, não consigo pensar em outra pessoa no momento que poderia fazer com a mesma força com que a Flavia fez no Brasil e a Romina Yan na Argentina.
Mas nem tudo deixa a desejar, o elenco é bom, eles precisam apenas de direção, sinto as vezes uma preocupação estética muito maior do que com o conteúdo e desenvolvimento das cenas. Falar em estética, não posso deixar de elogiar os objetos de cena, cenário, figurinos e videografismos. Plasticamente falando é tudo perfeito, muito bem cuidado, bem acabado, eles acompanharam a evolução dos tempos e conseguiram criar uma identificação com as crianças atuais. Porém ainda é muito pouco, Chiquititas pode e consegue ir muito além.
Acho lamentável o SBT trata-la apenas como mais uma novelinha infantil, Chiquititas pode ser muito mais que isso, ela pode ser um fenômeno, se for produzida e elaborada como tal. Estamos completando um ano de novela no ar e a abertura não mudou, os uniformes não mudaram, a inserção dos personagens foi praticamente imperceptível, os vídeo clipes não fazem um recorte na história e as músicas quase não são desenvolvidas.
Isso sem falar dos musicais do teatro, que até agora nem foram mencionados, pois parte do sucesso da obra se deve as sessões lotadas do teatro GranRex, na Argentina, durante os 7 anos consecutivos da novela. Fico triste porque eu e todos os fãs conhecedores do produto esperávamos mais… Vamos ver como eles pretendem encerrar a novela, até quando “mexe mexe com as mãos” continuará como tema de abertura e o quanto a sofrida narrativa será prolongada.

Só digo uma coisa, se eu tivesse no desenvolvimento dessa nova versão, o SBT ia se surpreender com o patamar que esse projeto iria alcançar! Um dia eu chego lá, quem viver, verá!!!

Pra encerrar segue um vídeo muito legal mostrando os bastidores da primeira e possivelmente a única abertura da nova versão de Chiquititas, divirtam-se!!

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